Por Dra. Kilvânia Martins
O pós-parto é um período de grande risco para o surgimento de adoecimentos psíquicos para as mulheres no seu ciclo de vida. Os sintomas depressivos podem aparecer ainda na gestação, período naturalmente delicado de grandes mudanças físicas, psíquicas e hormonais. Estudos apontam uma prevalência de 10 a 15 % das mulheres que iniciam um conjunto de sintomas referentes a depressão associada ao nascimento de um bebê, geralmente entre a quarta e oitava semana após o parto. Os sintomas mais comuns são: irritabilidade, sentimentos de desamparo e desesperança, falta de energia e motivação, choro frequente, desinteresse sexual, transtornos alimentares e do sono, a sensação de ser incapaz de lidar com novas situações, bem como outras queixas psicossomáticas.
Quando o bebê nasce a adaptação ao meio extrauterino vai se dando de forma gradual, sendo muito importante o contato pele e pele, que influencia no bem-estar, segurança, afetividade e assim, o bebe recém-nascido vai sendo capaz de se abrir a novas experiências. Nos quadros de depressão, a mãe pode perder o vínculo afetivo, que é essencial em todos os aspectos do desenvolvimento.
As mães deprimidas também revelam insegurança em suas capacidades maternas, o que ocasiona uma diminuição da atenção à criança e às suas necessidades, bem como o desvio do olhar que pode caracterizar uma rejeição, ou seja, a mãe suspende ou diminui a interação com seu bebê. Os estudos apontam ainda que a criança de mãe deprimida tem mais chances de desenvolver problemas emocionais e de comportamento.
O tempo de permanência do diagnostico também tem sido motivação para realização de pesquisas sobre a qualidade da interação mãe-bebê em períodos posteriores do desenvolvimento infantil, que tendem a mostrar menos expressão de afeto positivo ou engajamento na exploração de objetos.
Por isso, é de fundamental importância o acompanhamento psicológico preventivo desde a gestação, trazendo o acolhimento e o apoio que a mãe precisa para enfrentar possíveis episódios de depressão. Da mesma forma, logo que os sintomas de depressão pós-parto sejam detectados, se faz necessário a realização de intervenções que tragam benefícios para a relação mãe-bebe e o desenvolvimento saudável da criança.
Referências:
Klaus, M. H., Kennel, J. H., & Klaus, P., Vínculo: construindo as bases para um apego seguro e para a independência. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.
Maldonado.M.T. Psicologia da gravidez : gestando pessoas para uma sociedade melhor. São Paulo : Ideias e Letras, 2017.
Mazet, P., & Stoleru, S. Manual de psicopatologia do recém-nascido. Porto Alegre: Artes Médicas,1990.
Promoção da Saúde Mental na Gravidez e Primeira Infância: Manual de orientação para profissionais de saúde. – Disponível em: URL https://www.dgs.pt/accao-de-saude-para-criancas-e-jovens-em-risco/ficheiros-externos/pub-saude_mental_e_gravidez_folheto_dgs_2005-pdf.aspx.