Por Dra. Débora Castelo Branco
Todos nós, em algum momento da nossa vida, já ouvimos essa frase “somos o que comemos”. Atualmente, a ciência da nutrição e epigenética sugere que nós podemos ampliar esse conceito, evidenciando em diversos estudos que nós somos também o que nossa mãe comeu. Assim, afirma-se que, em longo prazo, a nossa saúde é influenciada não apenas pela nossa alimentação atual, mas também pela alimentação da nossa mãe durante a gestação e, muito provavelmente, até mesmo a alimentação da geração anterior, ou seja, da nossa avó, pode ter interferido, positiva ou negativamente, nos nossos genes.
Durante o período gestacional, é essencial que priorizemos o consumo de uma grande variedade de alimentos in natura e minimamente processados, além de água, para prover as necessidades de nutrientes fundamentais para o desenvolvimento do feto, como ácido fólico, ferro, cálcio, vitamina D, entre outros. Além de favorecer o adequado desenvolvimento fetal a alimentação saudável na gestação garante a saúde e o bem-estar da gestante, prevenindo o aparecimento de complicações, como diabetes gestacional, hipertensão e ganho de peso excessivo.
Outro ponto importante a ser observado na gestação são as alterações fisiológicas e sintomatologias que podem influenciar o consumo alimentar durante esse período. Sintomas como fraqueza, tonturas, desmaios, náuseas, vômitos, azia, plenitude gástrica, constipação intestinal, edemas e dores físicas, são comuns entre as mulheres grávidas. Podendo variar de acordo com o trimestre gestacional em que a mulher se encontra, eles são passíveis de manejo com orientação alimentar adequada.
O consumo insuficiente de nutrientes na gestação proporcionará um estado nutricional deficiente, gerando comprometimento da evolução física e mental do feto, levando a criança a um caminho deletério de baixa estatura, com maior possibilidade de contrair infecções, com risco aumentando de atraso no seu desenvolvimento, e, ainda, riscos de problemas crônicos de saúde na vida adulta.
Diante do exposto, conclui-se ser de fundamental importância a presença de um profissional nutricionista especialista em nutrição materno infantil para acompanhar a mulher durante a gestação, garantindo, assim, que sua alimentação esteja ajustada para suas necessidades calóricas, proteicas e de micronutrientes a cada trimestre. Assim como para auxiliá-la diante de sintomatologias e complicações que poderão surgir neste período, prevenindo dessa forma situações de maior risco de deficiências nutricionais e corrigindo-as oportunamente caso surjam.
Referências Bibliográficas:
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Fascículo 3. Protocolos de uso do Guia Alimentar para a população brasileira na orientação alimentar de gestantes [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Universidade de São Paulo. – Brasília: Ministério da Saúde, 2021.
NOGUEIRA-DE-ALMEIDA, C. A.; PIMENTEL, C.; FONSECA, E. B. Além da nutrição – O impacto da nutrição materna na saúde das futuras gerações. 1ª edição –agosto, 2019.
EL BEITUNE P, JIMÉNEZ MF, SALCEDO MM, AYUB AC, CAVALLI RC, DUARTE G. Nutrição durante a gravidez. São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO); 2018. (Protocolo FEBRASGO – Obstetrícia, nº 14/Comissão Nacional Especializada em Assistência Pré-Natal).