Por Dra. Débora Castelo Branco
A Síndrome Hipertensiva da Gestação (SHG) representa uma das principais causas de mortalidade materna no mundo e consiste em fator causal relativo às mortes perinatais. Além disso, acarreta em limitações definitivas na saúde materna e graves problemas conseguintes da prematuridade iatrogênica associada.
A SHG pode se apresentar de diferentes formas clínicas, como: pré-eclâmpsia, eclâmpsia, hipertensão crônica, pré-eclâmpsia sobreposta à hipertensão crônica ou hipertensão gestacional.
No terceiro trimestre de gestação, a mulher fica suscetível a complicações ocasionadas pelo aumento fisiológico do volume plasmático e pelo crescimento fetal, propiciando a elevação dos níveis pressóricos, o que contribui para alterações metabólicas e vasculares associadas ao aumento do risco cardiovascular materno.
A inadequação do estado nutricional pré-gestacional ou gestacional e o ganho de peso inadequado durante a gestação contribuem para resultados gestacionais desfavoráveis para o binômio mãe e bebê.
Estudos demonstram a associação entre obesidade pré-gestacional e ganho de peso excessivo durante a gestação, com consequente aumento do risco para SHG. Relatando-se uma relação de duas vezes mais risco para a síndrome para cada aumento de 5 a 7 kg/m² no índice de massa corporal (IMC) gestacional.
Sabe-se que a nutrição adequada durante todo o período gestacional é fundamental para o crescimento e desenvolvimento do feto e saúde materna, sendo, portanto, extremamente importante que essa mulher tenha uma ingestão adequada de macro e micronutrientes, assim como uma suplementação de micronutrientes quando necessário.
Várias hipóteses sugerem que os níveis plasmáticos da vitamina D podem afetar os inúmeros processos biológicos que envolvem a patogênese da pré-eclâmpsia. Nesse sentido, a hipovitaminose D tem sido associada ao aparecimento de pré-eclâmpsia.
Segundo uma revisão da Biblioteca Cochrane, em doze estudos analisados, com um total de 15.206 mulheres gestantes, observou-se uma redução no risco de pré-eclâmpsia e de hipertensão arterial com a suplementação de cálcio. Sendo esse efeito maior nas gestantes de alto risco para pré-eclâmpsia e naquelas com uma dieta pobre em cálcio.
Diante do exposto, podemos afirmar que é fundamental e indispensável o acompanhamento nutricional durante a gestação para que possamos proteger a gestante da síndrome hipertensiva na gestação e demais complicações.
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