Por Dra. Débora Castelo Branco
O diabetes mellitus gestacional (DMG) caracteriza-se por ser uma doença metabólica da gestação, acarretando uma intolerância à glicose originada pela insuficiência de insulina gerada pela gestante, o que resultará em uma hiperglicemia. A DMG é um problema de saúde pública. Conforme um estudo da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) de 2019, cerca de um em cada seis partos é de mulheres com aumento da glicemia durante a gestação, sendo 84% destes decorrentes de DMG, uma porcentagem preocupante, visto que a hiperglicemia na gestação ocasiona consequências sérias que podem colocar em risco o feto e a mãe.
Segunda a Associação Americana de Diabetes (ADA), 70 a 85% das grávidas com diabetes gestacional conseguem controlar sua glicemia apenas com a terapia nutricional. Portanto, o tratamento dietoterápico é fundamental, não só para atingir a normoglicemia, como também para evitar uma possível cetose, promover um adequado
ganho de peso gestacional e contribuir para o esperado desenvolvimento do concepto.
Mulheres com DMG devem receber uma orientação nutricional individualizada visando atingir os objetivos do tratamento. O plano alimentar deve possuir quantidade de calorias ajustada para o índice de massa corporal (IMC), frequência e intensidade de exercícios físicos, bem como para o padrão de crescimento fetal, buscando um
adequado ganho de peso materno. Além disso, ele deve conter os nutrientes essenciais para o desenvolvimento esperado do feto.
A dieta deverá ser fracionada em seis refeições diárias, sendo três refeições principais e três lanches. Com distribuição de macronutrientes de aproximadamente 45% a 50% de carboidratos, dando preferência para os integrais, 30% a 35% de lipídios e 15% a 20% de proteínas. Outra recomendação é acerca do uso de adoçantes durante a gestação, devendo-se dar preferência para os naturais, como stevia e sucralose.
São recomendadas dietas com alimentos de baixo índice glicêmico, calculadas com, no mínimo, 175 g diárias de carboidratos, os quais devem ser distribuídos de 10 a 15% no café da manhã, 30% no almoço e jantar e o restante nos lanches, buscando-se assim evitar episódios de hiperglicemia, hipoglicemia ou cetose.
Outro ponto importante a ser observado é o consumo de fibras, pois se sabe que a presença delas na refeição reduz as flutuações da glicemia e ajuda no controle glicêmico. O aumento no consumo de fibras pode diminuir o apetite e o consumo energético, favorecendo a redução da gordura corporal e melhorando a sensibilidade à insulina.
Diante do exposto, conclui-se ser de fundamental importância manter, durante a gestação, um acompanhamento com profissional nutricionista especializado em nutrição materno infantil a fim de seguir um plano alimentar individualizado, balanceado e fracionado, principalmente nos casos de hiperglicemia, visto ser a terapia nutricional a primeira opção de escolha para o tratamento do DMG.
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Referências Bibliográficas:
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