Por Dra. Kilvânia Martins
A gestação marca um período de intensas transformações físicas, psíquicas e hormonais na vida da mulher. Você sabia que cada trimestre tem suas especificidades? Vamos pontuar aqui alguns aspectos psicológicos vivenciados
em cada trimestre da gestação. É importante ressaltar que cada gestação é única e que esses aspectos são os mais comuns, porém essas alterações emocionais variam de mulher para mulher, como também a intensidade que
sã vivenciados.
Primeiro trimestre
É o momento da descoberta e da percepção (consciente ou inconsciente) da gravidez. É a partir dessa percepção que a formação da relação mãe-filho tem início, como também é comum o aparecimento de sentimentos conflituosos, que podemos chamar de ambivalência afetiva, quando a gestante oscila entre desejar e não desejar o filho, sentimentos gerados pela perspectiva que envolve as grandes mudanças, e consequentemente, as perdas e ganhos no período gestacional.
Aparecem as oscilações de humor, e alguns autores acreditam que elas estão relacionadas às alterações do metabolismo. As alterações da sensibilidade estão ligadas às oscilações de humor. Há uma maior sensibilidade nas áreas de audição, olfato, paladar e isso também pode se expressar no emocional com o aumento da irritabilidade. A mulher pode ficar mais irritada e sensível a estímulos que antes não era tão afetada, é comum ter momentos de choro e/ou riso mais fácil.
O temor mais comum que pode surgir nesse trimestre é o do aborto, e também pode surgir o medo das mudanças e/ou de assumir novos papéis.
Segundo trimestre
É normalmente uma fase mais tranquila, a gestante começa a se adaptar as mudanças advindas da gestação. Esse semestre é marcado pela percepção dos movimentos fetais, importante para ajudar a mãe a personificar o filho. A
gestante pode atribuir ao feto características pessoais, como “carinhoso”, se ela percebe os movimentos suaves ou “forte/agressivo” se ela percebe os
“chutes” do bebê.
As alterações do desejo e desempenho sexual aparecem com maior intensidade, é comum haver diminuição do desejo sexual, podendo chegar ao desinteresse total, tanto da mulher como do homem. Isso se deve a fatores
como o corte entre maternidade e sexualidade, medo de atingir o bebê ou fazer mal a gestação. Os movimentos fetais e sua interpretação contribui para a
formação da relação materno-filial.
É comum a passividade, a mulher sente que seu ritmo fica mais lento, tende a se concentrar mais em si mesma e ficar menos ativa. Porém, há evidências de mulheres que relatam aumento de energia ou atividade como forma de
descarregar sua ansiedade, que é comum aparecer também durante a
gestação.
Terceiro trimestre
É marcado pelo aumento da ansiedade ocasionada pela proximidade do parto
e da mudança da rotina após a chegada do bebe. Há presença de sentimentos contraditórios: desejo de conhecer o bebê, que ele nasça logo e finalize a gestação, e ao mesmo tempo, desejo de que a gestação se prolongue para
adiar a vinda das transformações e adaptações do pós-parto.
O temor mais comum desse trimestre é referente ao parto: o medo de morrer, ficar com os órgãos dilacerados, inseguranças relacionadas à hora do parto. O
temor de não ter leite suficiente, ter um filho malformado, também podem aparecer.
Diante dessas transformações intensas, é essencial buscar o
acompanhamento psicológico e cuidar da saúde mental desde o início, para que esse momento possa ser vivido de forma mais saudável e consciente,
buscando a prevenção de doenças e minimizando o estresse e a ansiedade na gestação.
Referências:
Alterações emocionais e psicológicas mais comuns na gravidez– Disponível
em: URLhttps://atarde.uol.com.br/coluna/atardesaude/2046780-alteracoes-
emocionais-e-psicologicas-mais-comuns-na-gravidez-premium
Maldonado.M.T. Psicologia da gravidez : gestando pessoas para uma sociedade melhor. São Paulo : Ideias e Letras, 2017.
Os aspectos psicológicos da mulher: da gravidez ao puerpério. Disponível em:
URL https://seer.cesjf.br/index.php/cesRevista/article/view/2286/